14 março, 2007

CASA KAIADA

Tem vezes que a gente dá sorte valendo. Foi o caso de ontem.

Vencido o medo de sermos surpreendidos por uma chuva repentina - todo bêbado é feito de sonrisal e foge d´água como o capeta foge do crucifixo- rumamos para um bar relativamente conhecido na cidade, o Casa Kaiada.

Foi chegar e começar a discutir o conceito de "birosca". Alguém argumentou, não sem razão, que o CK era organizado demais, e limpo, essas bossas. Outro saiu-se com aquela de que era só um boteco um pouco mais arrumado. Ficamos nessa por uns minutos até chegar o primeiro prato da noite, que trouxe junto a resposta transcendental ao ontológico questionamento: birosca é um estado de espírito. Eis o mistério da fé.
E essa é a fé que anima a nossa igreja. E a do CK também que, apesar de algumas sofisticações como mesas limpas e arrumadas e garçons fardados, ainda leva na essência aquela semente maléfica e primordial da malaquice. Desculpem a ladainha empolada, mas é que uma boa porção de tripa torrada não se encontra todo dia. E que tripa! Uma tripa à altura da lingüïça que JG considerou Padrão Spettor´s de qualidade.
Eu e Zé emendamos com um "baião de três", prato especial da casa que congrega no mesmo pirex baião, paçoca e moela ao molho. Sensacional. Kleuds por sua vez, e cobrando a menção de outra de suas especialidades, açoitou um filé à parmegiana que julgou acima da média. Lá pelas tantas ninguém aguëntava mais comer e, só pra confirmar o que se havia constatado na abertura, outra porção de tripas foi pedida. Como disse certa vez Long Dong Silver, fechamos a noite, e fechamos gostoso.
Caia Dentro:
Tripas de porco fritas naquele ponto crocante e o baião de três, de agora em diante figurando entre os prediletos deste guia.
Caia Fora:
O banheiro é um pouco longe da zona de combate.
Onde É:
Indo pela Aguanambi em direção à Dom Manuel, há um único sinal no qual se pode dobrar à esquerda, na altura do colégio Raquel de Queiroz. Pegue esse sinal, cruze a avenida e siga adiante, depois do final do quarteirão tem uma pracinha. O Casa Kaiada é em frente.

10 março, 2007

O CÉSAR

Nesta edição comemorativa dos aniversários de Kleuds (25.02), Zé Lauro (07.03) e Manibura (09.03), tinhámos originalmente decidido que a birosca da vez seria um tal de Toinho, nas redondezas do esconderijo do primeiro aniversariante. A turma chegou até a sentar na mesa do plano original, mas na hora de perguntar pelo menu do dia, foi frustrada por um direto "Não tem nada". Mas uma réstia de esperança acendeu nas palavras seguintes do garçom: "Ali na frente hoje tem mariscos." O ali na frente calhou de ser O César.

O César não tem placa indicativa e nem parece um bar, visto de longe - o que denuncia o esquema são as mesas na calçada. Segundo um assíduo freqüentador e morador da rua que juntou-se à equipa de pesquisadores, o boteco oferece uma sofisticada variação do cardápio ao longo da semana. A Santa Terça é dia de mariscos, quinta só se serve espetinhos, e outras coisas mais nos outros dias que minha combalida memória não conseguiu captar.

Terça então é dia de agulhas fritas, arroz de camarão - também de arraia e de sururu -, camarão ao alho & óleo e piabas fritas. Sim, piabas fritas e crocantes servidas num prato e ornadas por rodelas de laranja. Achar um prato assim nas nossas peregrinações é como achar uma botija. E dá o maior problema: fica a vontade de ir mais umas tantas terças ao mesmo lugar. Mas não somos pagos pra ficar parados, então, adiante!

*Em tempo, a expressão resgatada da noite : "Mó picárdia!"

Caida dentro:
Piabas fritas indeed!

Caia fora:
Caia fora se não for irreverente, pois costumam trocar os pedidos. Foi nessa que um arroz de sururu virou arroz de arraia. Os pratos também costumam demorar um pouco.

Onde é:
Vá pela Ten. Benévolo em direção à D. Manuel, dobre à direita nos fundos da igreja Santa Luzia (na rua Antonio Angusto), siga por uns cem metros. Fica à esquerda.